Sobre a reunião com representantes do Ministério da Educação
No
passado dia 10 de Outubro, reuniu o SNP - Sindicato Nacional dos Psicólogos
com representantes do Ministério da Educação. A reunião, que teve lugar em
Lisboa, nas instalações do M. E., surgiu na sequência de um pedido de audiência,
formulado pelo SNP, já em maio do corrente ano, mas que à data não mereceu
resposta! Após insistência, fomos recebidos pelo Gabinete do Sr. Secretário de
Estado da Educação, nas pessoas do Dr. Jorge Rato e Drª. Conceição Menino.
Serviu
esta reunião para expor, junto dos representantes do M. E., um conjunto de
questões fundamentais à vida laboral dos psicólogos escolares portugueses,
nomeadamente:
1) A
manutenção da contratação de escola enquanto mecanismo preferencial de alocação
de psicólogos à escola com contrato a termo incerto, ao invés dum sistema que
contribua para a progressiva eliminação dos vínculos precários e estabilização
dos trabalhadores. Recordámos que vários trabalhadores mantêm vínculos
precários há décadas!
2) A
situação de precariedade em que se encontra um número ainda avultado de
psicólogos escolares. Sublinhe-se que o PREVPAP - Programa de Regularização Extraordinária
de Vínculos Precários da Administração Pública não resolveu a situação da
totalidade dos técnicos, deixando de fora cerca de uma centena. Por outro lado,
existem muitos profissionais em situação periclitante, com contratos a termo
certo, e colocados ao abrigo de medidas e programas temporários (caso do PNPSE,
do POCH, do Plano Escola Mais 21 23) e que estão, portanto, dependentes de
fundos sociais europeus. Ora se a necessidade destes profissionais é permanente
e a prova disso é que os Agrupamentos de Escolas os contratam sucessivamente,
ano após ano, porque hão de continuar a assinar contratos a termo certo?
3) A
descentralização de competências (vulgarmente designada por “Municipalização da
Educação”). Sendo esta uma temática recorrentemente trazida à discussão e à
qual o SNP, alinhado com a CGTP, se opõe – oposição essa explanada no caderno
reivindicativo de 2014! – foi dada a garantia de que os psicólogos nas escolas
contratados pelo Ministério da Educação continuarão a responder, quer do ponto
de vista do vínculo, quer do ponto de vista do seu perfil técnico e científico,
a nível central, não sendo a sua intervenção e contratação determinadas pelas
autarquias, o que se traduz na cabal assunção que estes trabalhadores não
passarão para os quadros das Câmaras Municipais.
4) O
direito à mobilidade, tal como consagrado na Lei do trabalho em funções
públicas. A Secretaria de Estado, tal como o SNP tem defendido e juridicamente
defendido com alguma regularidade, reforçou que qualquer trabalhador em funções
públicas que encontre serviço de destino disponível para o receber, tem o
direito a requerer a sua mobilidade. Na verdade, a mobilidade dos psicólogos
nas escolas tem sido dificultada muitas vezes porque as Direções dos Agrupamentos
de Escolas apresentam grande renitência no momento de facilitarem a passagem
dos técnicos para outros estabelecimentos de ensino ou outros serviços
públicos. Devem por isso todos os trabalhadores interessados em requerer a sua
mobilidade fazê-lo por escrito e em caso de irregularidade no processo,
contactar o SNP.
5) A necessidade
de, a par da construção do novo perfil funcional do psicólogo escolar, fazer
valer a importância da determinação de tempos bem consignados para as
diferentes tarefas, não permitindo que os trabalhadores continuem a responder à
vontade de cada direção escolar do ponto de vista do que consideram ser a
organização do tempo de trabalho do psicólogo sem respeito pela sua necessidade
de tempo de preparação, cotação de instrumentos, preparação de sessões em grupo
ou até formação profissional. O SNP não é alheio ao facto de que a maioria dos
trabalhadores usa do seu tempo de descanso para realizar as tarefas que não
envolvem o que comummente é denominado de trabalho direto. Considerando o claro
exemplo determinado na organização do tempo de trabalho dos professores, este Sindicato
considera que é apenas por má vontade, desconhecimento ou da mais primária
exploração do trabalho que os psicólogos nas escolas não tenham direito a tempo
de preparação da sua intervenção no horário de trabalho. O SNP aconselha, por
isso e em linha com o assumido pela Secretaria de Estado, que os trabalhadores
têm de exigir e ver respeitado esse direito, garantindo não só a qualidade da
sua intervenção mas também o justo direito ao descanso e organização adequada
dos tempos de trabalho.
Reconhecendo que nenhuma destas questões é
recente, mas lamentavelmente continua a assolar a profissão, o SNP não deixa de
reconhecer a importância de continuar a expor as incertezas e ilegalidades das
quais os trabalhadores são alvo, comprometendo-se a continuar a dar voz às
mesmas, em torno dum Sindicato que representa e dignifica verdadeiramente a
classe e que com a sua ação e contínua aproximação aos trabalhadores, pretende
ver resolvidos os problemas!
Por
um Sindicato mais forte, SINDICALIZA-TE, LUTA, ORGANIZA-TE!