OS PSICÓLOGOS NA LINHA SNS 24 - A PANDEMIA DA PRECARIEDADE DO USO/ABUSO DE MÃO DE OBRA ESPECIALIZADA, DA CASA, INSTRUMENTOS DE TRABALHO E TEMPO, DOS TRABALHADORES PRECÁRIOS
As
palavras importam e a emergência sanitária não justifica tudo. Ao chamamento de
trabalhadores para acudirem a necessidades emergentes de saúde de uma
população, não se deve chamar “convite”. Deve chamar-se “contrato de trabalho”,
tanto mais que são conhecidas as carências de psicólogos na saúde, entre outras
áreas.
O recrutamento de Psicólogos para a linha SNS24, realizado sob a forma de “convite a colaboradores”, nem por isso pecou por falta de exigência do empregador relativamente ao perfil do profissional, que contrasta com a desvalorização profissional em que é desenvolvida a actividade.
Por um lado, o trabalhador deveria encontrar-se
inscrito na Ordem dos Psicólogos e para além da formação académica ter ainda,
preferencialmente, formação específica em intervenção psicológica em situações
de catástrofe (promovida pela Ordem dos Psicólogos).
Já quanto ao desenvolvimento da atividade, recorreu-se ao teletrabalho, com uso de telemóvel com acesso a dados próprio, responsabilização do trabalhador pelo pagamento do equipamento e custos de manutenção, e uma contrapartida financeira na modalidade “trabalho à peça”, com 2,50 euros por chamada recebida, com tempo estimado entre 10 a 15 minutos.
Posteriormente, “os colaboradores”, foram chamados a atendimento ainda mais especializado, necessitando para o efeito de se encontrar credenciados como especialistas em Psicologia Clínica e da Saúde, nos mesmos moldes, em termos de instalações e equipamentos próprios, para um serviço de aconselhamento psicológico à população e a profissionais de saúde. Este recrutamento foi apelidado de “histórico”, pela Ordem dos Psicólogos, num processo de formação de urgência, via plataformas eletrónicas e pago a 5 euros por chamada.
O Sindicato Nacional dos Psicólogos, em abril, havia já solicitado esclarecimentos ao Ministério da Saúde relativamente às formas de contratação, supervisão, formação e estatuto profissional dos coordenadores associados a esta prestação de serviço. Até hoje não obteve qualquer resposta!O trabalho não é voluntariado! É inaceitável que persistam atrasos no pagamento das precárias retribuições a estes trabalhadores, que já tiveram de suportar todos os encargos com os equipamentos próprios que usaram no desenvolvimento da sua importante atividade.
O SNP chama todos os trabalhadores à unidade em torno de princípios claros de contratação e remuneração do trabalho, bem como das condições em que é prestado, colocando-se desde já veementemente contra a utilização do trabalho dos psicólogos em procedimentos de contratação precários e sem qualquer respeito pelos trabalhadores, nem quanto ao pagamento atempado de remunerações que traduzem uma clara exploração de trabalho qualificado!
A Direção do SNP